sábado, 21 de março de 2009

Deu no Jornal

"RIO - A Prefeitura do Rio promete que os 25 mil alunos que foram considerados analfabetos funcionais no provão que avalia a capacidade de leitura de alunos dos quarto, quinto e sexto anos da rede municipal. Duzentos e dez mil alunos fizeram a prova, que reprovou 14%. Segundo o IBGE, em todo o país, os brasileiros que não compreendem o que leem somam um quinto da população com mais de quinze anos de idade..."




Será por quê, hein?


Estou acostumado, e acredito que muitos dos brasileiros também estão, a ver educadores discutirem exaustivamente quais os motivos para tantos problemas educacionais no país.

Tá, eu sei que a notícia fala do Rio de Janeiro, mas todos sabemos que analfabetismo completo e/ou funcional, bem como outras deficiências na formação de nossos jovens, não é uma exclusividade da cidade maravilhosa.


Acredito que a maior preocupação dos pais brasileiros em relação a seus filhos é com a qualidade da educação que estes estão recebendo em nossas escolas, ou pelo menos deveria ser, tendo em vista a importância de uma boa formação escolar na capacitação de um indivíduo socialmente consciente, economicamente produtivo e politicamente ativo. Ou pelo menos deveria ser.
Podemos ver também que uma das grandes preocupações dos nossos governantes também é com a Educação. Digo isso me baseando pela quantidade de debates, programas de governos estaduais e federais, provões de avaliação da qualidade de desempenho de alunos, etc, que existem em nosso país.
Então qual o motivo de tantos problemas na educação de nossos filhos?
Pergunto isto na qualidade de ex-aluno, de cidadão brasileiro preocupado com o destino do país, mas principalmente, enquanto pai que sou. Uma vez que tenho três filhos e, apesar do que poderia aparentar um homem na minha idade, com acesso à internet e capaz de redigir essas linhas em um blog, não tenho condições de arcar com os custos de uma educação em colégios da rede particular, devido ao seu alto custo.
Agora, preparando-me para tomar todas as porradas que certamente tomarei, adianto-me em dar as respostas. Mas não veja minhas respostas como a solução para os problemas. Até porque não são soluções que apresentarei, apenas problemas. Nem pensem que eu sei de tais soluções, porque eu não sei, mas com certeza tenho minha versão da verdade dos mesmos.

Vejam as linhas seguintes apenas como a opinião, possívelmente errada (claro que todos dirão isso. Não espero muito apoio) de um cidadão e pai de família preocupado e indignado.

Com a experiência que adquiri com os anos. Anos esses em que estudei, quase me formei, e acompanho agora a educação dos meus filhos, bem como ouvindo a opinião de outras pessoas em volta de mim, fui capaz, e acho que todos que lerem essas linhas também são, apesar de se omitirem, de enxergar que o presente problema educacional se deve tão somente a falta de interesse de tods as camadas sociais, desde o Ministério da Educação até o pai que está em casa agora assistindo à TV, lendo um jornal ou quiçá acompanhando esta humilde matéria bloguística (gostaram? inventei agora, eu acho).
"Queeeeê?!!!!!" Questionarão todos. "Como ousa por a culpa em nós? Somos pais preocupados!" ou "Como tem coragem de culpar o Governo! Estamos fazendo tudo para melhorar nossos índices!" ou até mesmo: "Como ousa atacar uma classe já tão sofrida e quase escravizada? Somos educadores! Ícones do saber! Trabalhamos noite e dia no intuito de darmos a melhor educação, na medida do possível claro, para os seus filhos!"
"Ora bolas" dirão todos.
Certo, Mas você Pai, tem ido realmente à escola do seu filho? Tem devidamente questionado a qualidade da educação que eles recebem?
Claro que não pai. Você, como eu, não é educador. Não é um profissional da área. Como entender e saber reconhecer quais os programas educacionais mais adequados às nossas crianças? "Ah! Mas eles instalaram um laboratório de informática na escola do meu bairro!"

Mas que ótimo isso, Pai. Agora seus filhos vão aprender como acessar o Orkut e se tornarem possíveis vítimas de Pedófilos. Será mesmo tão necessário um laborátório de informática para que nossos filhos tenham uma boa educação? Então quem foram os caras que inventaram computadores? Como eles conseguiram, sem a tão boa educação que só um laboratório de informática pode dar?

Não Pai. Instalar laboratórios de informática e/ou TV de plasma com DVD na escola do seu filho não é, definitivamente a solução.
E os senhores Ministros? e os homens e mulheres dos mais altos cargos de Brasília que se encontram engajados na luta contra a educação inadequada ou a falta dela?
É verdade. Eles estão lá. Definem diretivas, planejam, criam programas educacionais e fazem de um tudo no intuito de melhorar os índices da educação em nosso país. Programas esses que ignorantemente, claro, não saberei listar aqui, uma vez que não sou especialisata no assunto. Como já afirmei sou apenas um pai preocupado. Mas Uma coisa eu sei: índices, mapas e gráficos podem ser manipulados. Podem ser avaliados de forma que até mesmo uma informação ruim pareça boa. Sem citar aqui a manipulação proposital de informações enviadas para "os caras lá de cima" pelos "caras aqui de baixo".
"Peraí! Pára tudo! Que caras aqui de baixo? Está insinuando o quê com isso seu blogueiro de merda? Ops! desculpe.
Tá bem, eu explico. Mas ninguém vai gostar de ouvir.
Se imaginem nomeados a um cargo de confiança. Pode ser um de Secretário Estadual de Educação (soa bonito, né?) ou mesmo de diretor(a) de um colégio. Além de uma boa administração e tals, o que "eles" vão cobrar de você?
"Resultados?" "Altos índices de aproveitamento e aprovação?"

Exato meu caro pai, professor ou seja quem for que ainda tenha o santo saco de continuar lendo estas linhas mal rabiscadas. Resultados. É tudo o que "eles" quereriam de você. índices, gráficos comparativos com os anos anteriores. Tudo muito bonitinho num relatório limpo e bem formatado. Melhor ainda se você conseguir colocar tudo desenhado numa bela apresentação do Power Point.
E se você não conseguir esses índices? Ora, meu caro, "eles" te mandam embora e põem outro que o consiga, claro.
"Mas o que fazer para não chegar esse ponto? Sabe como é, né? O salário é bom e tenho filhos também. Preciso mantê-los na escola particular."
Bom, você pode começar manipulando esses índices.
Todos sabemos, ou pelo menos acredito que saibam que os métodos de avaliação não são lá muito eficazes. Na verdade estou sendo até benevolente nessa afirmação, tendo em vista que não servem é pra nada mesmo.
Alguem já viu uma prova de colégio público? ou um trabalho? ou como são avaliados os alunos?

Exemplo: Questão 1 da prova de História: Quem descobriu o Brasil?
a) Miguel Falabela
b) Pedro Álvares Cabral
c) Xuxa

Acha que estou de brincadeira? Bem que eu queria. Claro que eu extrapolei um pouco a realidade, mas estou longe de estar exagerando. E por aí vai . . .
E os professores hein? o que dizer deles?
Tenho a maior admiração pela classe dos professores do Brasil. Muitos trabalham quase a troco de nada, como acontece no Nordeste. Outros, como no Rio de Janeiro, até não ganham mal. Mas para chegar a tanto são obrigados a trabalharem quase continuamente no intuito de conseguirem algum merecido conforto financeiro.
Não. Eu não quis dizer ficarem ricos, apenas conforto financeiro. Algo como poder ter uma casinha própria e um carrinho usado na garagem.
Entretanto, esta nobre classe (Não estou sendo sarcástico) vem negligênciando suas obrigações em tão nobre sacerdócio. por que educação não é profissão, é sacerdócio mesmo.

Existem uma velha máxima no país que eu já cansei de ouvir por aí e acredito que todos aqui também. É esta: "O governo finge que paga, os professores fingem que ensinam e os alunos fingem que aprendem"
Mentira? Calúnia? Difamação? Sabem que não.

Quantos de nós já não viveu situação semelhante? Quantos de nós já não percebeu determinados educadores dando aula na base da "meia boca" só pra "ingrêis vê"?

Eu mesmo, e tenho certeza absoluta que não fui o único, já vi isso acontecer já na minha época de aluno atrasado de escola noturna.
"Ah! mas isso é Culpa desse professores que não querem nada com a hora do Brasil!!"
Será mesmo? Lembra o que eu falei sobre os resultados e índices?
Claro que eles têm lá sua parcela de culpa por eu, hoje ensino médio completo, não saber calcular porcentagem com presteza ou poder afirmar com certeza que Viena não fica na Itália.
Podiam ter berrado. Podiam ter feito passeatas. Podiam ter se negado a deixar cair a qualidade. Mas na vida real as coisas não são tão simples. Quem vai atirar a primeira pedra, quando se sabe que há uma muralha à frente e a pedra pode ricochetear em si mesmo? Quem?
Com um professor pode prover educação de qualidade num mundo onde não se tem o interesse por tal. Onde ser bem educado, em muitos lugares é quase vergonhoso? Onde o "maneiro" é "gazetar" a aula e ir namorar atráz do colégio, sem contar coisas piores a se fazer? Onde o educador teme que um aluno lhe aponte uma arma e ameace matá-lo caso sua nota não esteja escrita com caneta azul? Onde seus superiores lhe ameacem caso ouse reprovar um aluno que não rendeu na matéria. "Claro! se não rendeu a culpa é do educador!" diria um diretor.
Sem falar na completa falta de motivação por parte de nossas crianças. Qual seria o motivo para tanto? Essa resposta eu não tenho. Não faço a menor idéia. Mas uma coisa eu sei: Lá pelos idos dos anos 80, Ô tempo bom, eu me lembro bem que já andava meio assim, sabe? Não tava muito afim de ir à aula às vezes. Minha mãe tinha estudado só até a 4ª série e não tinha morrido por isso. Eu não tinha a menor noção de como era o mundo e se eu precisaria ou não da educação que o colégio me oferecia. Mas eu sabia que minha mãe não precisara. Isso me desanimava. Estudar pra quê? No fim das contas eu vou ser um merda mesmo. Provavelmente, na melhor das hipóteses vou seguir a profissão simples e de baixo salário de papai.

Sem contar que eu não tinha ambições. Ninguém me ensinara a tê-las. Vivíamos 4 pessoas apertadas em um casebre de 3 cômodos apenas com o salário da aposentadoria da minha avó e eu não via mal nenhum nisso. Claro, não conhecia nada melhor que aquela vida. O resto era coisa de TV e cinema.

Imaginem essa situação hoje. A crise financeira, o domínio de grupos armados nas comunidades, o mercado informal a falta de opções das pessoas mais carentes. Imaginem como andam a cabeça de nossas crianças.
"Estudar pra quê Tia? Não preciso de diploma pra pegar no fuzil. Não preciso dele pra catar lixo dos ricos no asfalto nem pra varrer as ruas. Eu quero curtir. Ir no baile funk por que lá eles deixam entrar menor. quero cheirar cola que é legal. Fumar um baseado, cheirar pó. As minas gostam, sabia? Elas curtem um carinha chapado segurando um "berro"
"Estudar pra quê Tia? Se no fim eu vou acabar engravidando por aí. Se vou terminar fazendo faxina em casa de madame. Eu quero curtir. Ir no baile funk ... Os caras gostam, sabia?"

Nem vou detalhar muito sobre quem por sorte ou por verdadeira vontade de vencer, consegue se "formar" em nossas escolas públicas. Com tal educação frágil, conseguem empregos mais frágeis ainda e, com muita sorte, conseguem fazer uma faculdade particular.
"Claro, tem que ralar muito pra pagar a facú por que com a educação que tivemos não dá pra passar pra uma Federal né?"

Em que eles vão se formar mesmo? Ah! Matemática, letras, Geografia, História, etc. E, no fim, vão ensinar o que aprenderam nas escolas públicas. E aí fecha-se o ciclo.
Finalmente, uma última questão: "Será que há interesse verdadeiro por parte das classes dominantes de que cada brasileiro deste solo tão sofrido, tenha uma educação de qualidade, a ponto de disputar em pé de igualdade um bom emprego com um "filho da Elite?"
Posso estar sendo injusto. Posso estar sendo ingênuo. Mas estou sendo verdadeiro. Pelo menos esta é a minha verdade. Que venham as porradas.




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